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já está…

… a tralha mais ou menos arrumada e faz todo o sentido já não voltar.

Estamos aqui  http://obagagem.blogspot.com/ e estamos muito bem.

estou aqui a fazer um café…

… e a tratar da mudança de casa do meu Bagagem. Ele foi muito feliz aqui, pois foi, mas as limitações do WordPress,  peço perdão, queria dizer as funcionalidades mil do blogspot, não me deixam outra alternativa. Estamos de malas aviadas e a nova casa já está quase quase arrumada. Deu-me um grande gozo migrá-lo sozinha e está a dar, ainda mais, ir descobrindo o que se pode fazer por lá. Não muda nada. Um bocadinho a aparência da qual ainda ando de volta, but that’s all. Quando estiver tudo pronto volto cá para deixar a  nova morada.

uuuhuuuuuuhhhhhh

o Diário do Fumador…

… teve a sua última actualização. Já me despedi, beijinho, beijinho e pronto. Eu gramava conseguir fazer um link, juro que gramava, mas não consigo. Está ali em cima.

olha agora…

… não consigo fazer um único link nesta gaita.

não me apetecia nada

«então vamos primeiro ver o joelho direito. não dói pois não?» – enquanto torcia a minha perna toda.

«não, não dói»
«agora o esquerdo. já dói. assim dói, não dói? pois. parece-me que temos aqui uma ruptura do menisco interno. vamos fazer uma ressonância e também um rx. o rx é só por uma questão académica mas tem de fazer e depois logo se vê mas é menisco de certeza»
«e confirmando o diagnóstico, o que é que me vai acontecer?»
«ah então uns furinhos no joelho, sai no mesmo dia, ao fim de uma semana muda o penso e ao fim da segunda já vem a conduzir tirar os pontos e até lá nada de ginásio»
Contando que são palavras de uma sumidade aí do mundo da ortopedia, mais concretamente do joelho, que faz artroscopias de olhos fechados, estou cá com a impressão de que me vão furar o meu rico joelho esquerdo.

Eu bem dizia que isto me doía.

estou sem paciência para escrever

Pudera, estive a ouvir o ministro das finanças. Que sono o senhor provoca!

as férias…

… ainda não acabaram. Ah pois, mas já estamos na nossa casinha, pois já e o Miúdo já tinha saudades disto e eu, de certa forma, também gosto de voltar à normalidade.
«tem de ser, trabalhar dignifica»
«pois danifica»
Aljezur, apesar da chuvinha, está no mesmo sítio. As praias diferentes –  a areia foi mesmo um ar que se lhe deu – e industrializaram as empadas de galinha do quiosque do Rogil – bem. Foi muito bom voltar ali e partilhar. Depois o Farol, ah aquela ilha é quase obrigatória. No regresso, ainda o barco vinha a meio do trajecto, e já planeavamos as férias do próximo Verão e sim, é unânime uma passagem pelo Farol.
Foi tudo muito bom, mas mesmo bom, mesmo mesmo.

O Céu de Aljezur…

… continua mágico e poder partilhar estas estrelas com quem amo é qualquer coisa de maravilhoso.

já desembarcou em Lisboa…

… o Miúdo. As saudades mais que muitas. Ainda não aterrou por completo e já se enfiou num carro para fazer uns quatrocentos quilómetros rumo ao Norte. Seguiu de Ipod no bolso e os phones já prontos para se ligar à sua música. O Ipod, o que restou de todos os seus vitais aparelhos de tecnologia porque ficou cá em Portugal e o telemóvel porque o tinha do bolso. Voltou desolado e só aos poucos foi contando uma ou outra história das longas férias em África, porque só lhe ocorre o desfecho. Um mês e meio na Cidade da Praia sem grandes sentimentos de insegurança e na última noite, no último jantar, muito fruto de uma grande imprudência dos adultos (ele não se cansa de dizer que não queria deixar a mochila no carro) vidro do jipe partido, três computadores portáteis, uma playstation portable, uma nintendo, duas máquinas fotográficas (carregadinhas de fotos, nem uma foto das férias para recordar), um blackberry, cabos, carregadores de telemóvel, jogos, tudo nas mãozinhas de um qualquer larápio. As malas da roupa ficaram que aquilo é malta que tem roupa que chegue. Aparato policial, brigada anti-crime e o raio que os parta, um contacto com alguém influente, sabem onde estão os criminosos e os poucos intermediários para este tipo de mercadoria e “não vamos descansar enquanto não encontrarmos as vossas coisas e vamos encontrar. é uma vergonha para o nosso país”. É! Está desolado. Os olhos rasos de lágrimas à chegada, a alma despida e sem bagagem de mão. Depois passa, mas o “welcome to life”, que  podia ter sido em qualquer parte do mundo ou à porta de casa, custou-lhe horrores. E a mim vai-me custar mas é um ror de euros e tempo para ir repondo a normalidade tecnológica na vida da criança.

«agora olhem, jogam às cartas nas férias»
«como, tia? também nos roubaram as cartas» – tadinha da minha menina.

«e as máquinas. ficaram sem fotos das férias»
«oh tia eu passei as fotos para o pc»
«ddaahhh roubaram o pc» – lagrimazita no canto do olho.

Nada a fazer.

À parte disto, gozaram-me as férias inteiras. Nunca pendurou rasta alguma naquela mona, daí nunca ter mandado nenhuma foto nem ter usado cam, maldade mantida até ao fim. Trouxe só um barrete género Bob Marley e esse sim, tem uma espécie de rastas penduradas. Uma bela fantasia de Carnaval ou a indumentária obrigatória para o seu primeiro Sumol Summer Fest, que deve ser já para o ano. Não vem encardido do sol, nem de longe nem de perto. Trouxe presentinhos, havaianas novas e o coração cheio de outras realidades, tenho a certeza, mas por enquanto a imagem do vidro partido é ainda a única que o faz abrir a boca. Consideravelmente mais alto do que eu.

É bom ter-te de volta. Muito bom. Que descanso.

estamos oficialmente de férias…

… e vamos mesmo de férias. O Vincent e eu, o Miúdo e nós todos, que mais tarde juntamo-nos à família. A sul, nos sítios do costume para nós, nos sítios com recordações de infância para o Vincent. A coisa promete.

ai que eu recebi um miminho…

… pois foi e estou aqui que não me aguento. Foi uma festa cá em casa, ai foi foi. A Sofia que é uma querida e com quem tenho trocado uns comentários porque me identifico com metade das coisas que ela escreve, ofereceu-me um Award, quero dizer, ofereceu ao meu Bagagem, aquele que está ali na coluna do lado direito, e nós ficámos muito felizes. Mas tão felizes. Não é um Award qualquer é o Award!! Obrigada Sofia. Continuação de boas férias.

haja paciência…

muita paciência.

continuo em actualizações…

aqui.

um anúncio qualquer…

… a um também qualquer paracetamol (acho eu), na rádio. E então diz a voz anunciante que ele há dores (ah pois há), a dor de um coração despedaçado, da saudade de um filho (acho eu também porque, para variar, ia lá no meu mundinho e já despertei tarde para a coisa) e que existem outras dores e que essas não devem fazer parte da nossa vida. Calculo que a publicidade se refere às dores na mona, às musculares ètcéterâ. Oh vozinha amiga da rádio, oh alminha que pensou no spot publicitário, que coisa de mau gosto. A dor de um coração despedaçado também não devia fazer parte das nossas vidas, que uma coisa dessas nem com clonix lá vai. Eu gosto muito de sentir o meu todo encaixadinho, com batidas fortes, irrigadinho e bem nutrido e quero que fique assim para sempre, como está, cheio, a transbordar.

esta coisa do Diário do Fumador…

…  esta coisa, está a dar-me trabalho. Contar cigarros é coisa para a qual não tenho assim muita pachorra, mas enfim. Mais vale contar cigarros agora do que ficar o resto da vida a contar perdigotos.

chatzinho com o Miúdo…

… que finalmente tem net lá na Cidade da Praia.
Está a ler Caim de José Saramago e eu fico muito feliz. Despertado pela curiosidade da escrita com pouca pontuação, pela veia comuna do criador e pela descrença total em Deus e companhia Lda. Parece que ficou ainda mais entusiasmado por perceber que, aos grandes autores, é permitido escrever palavrões.
Não manda fotos das rastas para ser uma surpresa, diz ele. Cheira-me a cagufamiaufa.
Cravou-me uma ida a Peniche, em Outubro, para ver o campeonato de surf e já fala no regresso. Ai as saudadinhas!!
Continua a comer cachupa aos Sábados de manhã. Enfim.

«beijinhos filhote»
«beijinhos mãe. GMDT@»

já está…

… o Diário do Fumador já existe (podia-me dar para pior, de facto). Está ali em cima, num separador.

consulta anti-tabágica…

… lá fui eu outra vez. A pedido, não de várias famílias nem de ninguém, da minha gastrite, do meu Miúdo, do meu Vincent.  Acima de tudo por estar careca de ouvir os blá blá blá dos malefícios do tabaco.

«pois é, sabia que assim pela quantidade de cigarros que fuma por dia, equivale, em níveis de radiação, a que faça 150 RX por ano?»
«não sabia não»

Pronto, uma consulta que demorou cerca de uma hora e quinze minutos, constatando mais uma vez que não tenho tendências depressivas o que é uma vantagem (ah mas posso vir a ter), em que falei do meu primeiro e doloroso processo de desintoxicação que foi um sucesso de apenas três anos e de como estou consciente do que me espera.

Muito bem. Dia D marcado para os primeiros dias de Setembro. De volta aos adesivos, às insónias, à tristeza profunda pela falta dos meus cigarros, o primeiro do dia, o do almoço, o de Domingo a seguir às torradas e ao café com leite, o da escrita. E desta vez fui aliciada a fazer um Diário do Fumador até chegar o dia, o tal dia D (a ver vamos se tenho pachorra).

Comprometo-me a deixar numa caixinha o dinheiro que agora gasto em JPS black.

… eu nunca estalo o meu verniz, estalam-mo silenciosamente.

“A verdade está demasiado sobrevalorizada…

… quantas amizades, relacionamentos amorosos e casamentos sobrevivem com toda a verdade?”
Não posso estar mais de acordo sem, no entanto, o lamentar profundamente e continuar ainda assim a ter muita dificuldade em aceitar isso como um padrão normal nos relacionamentos pessoais e insistir, quase sempre, na utópica verdade.

É verdade que também sou muitas vezes a favor, não da mentira, mas de uma omissão evitando que se magoe alguém, se conseguir avaliar o quão inútil pode ser uma verdade que nem sequer foi questionada. O que eu não aceito (e sim sou completamente intolerante nesta matéria) é que, confrontando alguém com um “eu sinto isto e isto, é verdade? preciso que me contes a verdade. é justo que eu saiba a verdade” se receba em troca ainda mais uma ou outra mentira e, essencialmente, um vazio criado pela sensação de não sermos suficientemente dignos da só e unicamente e apenas, tal verdade.

Odeio que me mintam e já tinha escrito que odeio, ainda mais, que me mintam mal.

E foi por não conseguir fugir à minha verdade e à náusea da mentira dos outros, acabando sempre por perder a razão, que o meu casamento terminou, que alguns outros relacionamentos em nada deram, que fui perdendo amigos pelo caminho, que tenho grandes arranca-rabos familiares quando abro a boca, que choro muitas vezes confrontada com uma mentira e que chora o Miúdo também quando tem de ser.

Eu minto muito mal e a omissão corrói-me por dentro. O Miúdo também e isso, só por si, faz de mim uma mãe convicta da sua missão.

ainda sobre o post de ontem, all disconnected…

… que é um assunto que de certa forma, por mais que eu não queira, acaba por me ocupar os pensamentos, dei comigo a pensar na questão da intolerância. Eu não aprecio muito, para não escrever nada, pessoas intolerantes. Provocam-me insegurança porque nunca sei que tipo de comportamento terão, que reacção e em especial que situações desagradáveis podem criar. Tenho para mim que a maturidade me tornou de certa forma mais tolerante em certas coisas e estou em crer, também cá só para mim, que me terei tornado apenas e só mais exigente com outras. Mas isto é mesmo cá de mim para mim, não excluindo a hipótese de me estar realmente a tornar num ser intolerante, que não transpire confiança, capaz de qualquer coisa em prol do primeiro instinto, que não, não roça nem de perto a espontaneidade, a autenticidade e muito menos a loucura, aquela tal loucura atribuída a quem diz tudo o que lhe vem à cabeça sem pensar, disparando em todas as direcções, actuando em todas as vertentes, custe a quem custar. Sem pensar? Custa-me muito a acreditar que um intolerante não pense e é por isso que, cá comigo, os intolerantes acabam, quase sempre, a morrer como os peixinhos, pela boca. Se eu me torno nisto, acabarei eu também, sem qualquer dúvida, presa a algum anzol. Exigente, é isso, muito exigente.

ai mas o que eu odeio, mas a sério…

… o que eu odeio vento. Só eu sei. Chiça! Já chegava não?! Caramba! (tou tão bem educadinha hoje)

all disconnected

«está tudo a desligar»

Os meu pais foram de férias há duas semanas, ligaram quando lá chegaram, não sei nada deles.
A minha irmã do meio, que não me fala se calhar já vai para um mês, mandou-me um e-mail cujo conteúdo era sobre um feito da sua mais velha, ao qual respondi educadamente, congratulando a pequena. Até hoje.
Uns vão e ninguém sabe deles, outros ficam de dizer que já chegaram e esquecem-se.
O meu ex marido mandou-me um e-mail solicitando a presença do Miúdo em certas datas. Respondi prontamente e sem qualquer objecção. Não sei se é vivo ou morto.
Alguém me convida para um jantar comemorativo dos seus quarenta anos, via sms que, a julgar pela escrita, terá sido dirigida a outros tantos como eu. Respondi dizendo não poder estar. Aceitou sem uma única pergunta.

Estarei muito provavelmente, eu e tu, a contrariar o hábito que, talvez muito por nossa culpa, os demais à nossa volta tornaram numa obrigação. A de estarmos sempre ligados. Eu sei que posso ligar a quem foi, a quem chegou, até a quem não me fala ou a quem simplesmente espera de mim a resposta educada e pronta aos impessoais e-mail mas simplesmente não me apetece.

Assusta-me é perceber que a certa altura as pessoas seguem caminhos correndo o risco de deixar para trás mal entendidos porque, muito provavelmente como eu, simplesmente não lhes apetece. Pensarão as pessoas o mesmo que eu? Acredito que sim.

As pessoas não estão a desligar, já desligaram e eu parece que também.

news from Cape Verde

Consta que o Miúdo conseguiu pendurar umas rastas postiças naquele cabelinho pantene, num tal sítio conhecido por sucupira, onde se compram havaianas, última colecção, ao preço da chuva. Estou aqui sem conseguir imaginar que visão me aguarda no aeroporto quando ele regressar, com aquilo pendurado no cabelo, encardido do sol e de chinelinho no pé, sabendo que segue de imediato para um casamento de avecs, daqueles lá em cima no Minho (ui ca bom!), coisinhas do paizinho que, suponho, não reagirá muito bem ao novo look. Não quero nem pensar nisso.

Parece que entretanto, de tanto comer de tudo e mais o que houver, já passou mal uma noite, com uma ida ao hospital no dia seguinte (isso filhote que o mercado hospitalar em África começa a ser uma mina e quem sabe não será, um dia, o meu, nosso sustento por essas terras).

Está com a voz diferente, mais forte. Querem ver que foi menino e volta feito homem?

Ai pelamordedeus, tudo pegado como eu gosto.

começo a ter dificuldade em exprimir…

… a minha felicidade e, quando isso acontece, é porque estou já para lá desse estado, e dizer apenas “eu sou feliz” já não me chega. Viver um amor assim, nesta fase da minha vida, é uma coisa que eu não posso dizer que já não ambicionava. Tanto ambicionava que o encontrei e num lugar onde, estatísticamente, parece que é muito usual encontrar, mas que para mim era algo completamente inimaginável. Eu sei que é tudo muito recente, que cada um paga as suas contas, que cada um continua a ter e a manter os mesmos rituais que uma vida sem compromissos proporciona e que, aparentemente, nada nos obriga a partilhar preocupações e medos nem as coisinhas, aquelas coisinhas do dia a dia. Mas partilhamos, todos os dias, cada vez mais um bocadinho e não esperamos um do outro apenas e só o bem bom, até porque é no menos bom, nas merdinhas, nas telhas, que muitas vezes conseguimos provar ainda melhor o quanto amamos. É o eu poder dizer “chiça, estou com uma enxaqueca brutal” e saber que tenho um saco de gel frio no congelador, comprado para eventualidades, se não de propósito para as minhas enxaquecas, num frigorífico que não é o meu, e que posso tranquilamente enfiar um paracetamol no bucho e estender-me no sofá, sabendo que me vêm aconchegar numa almofada e numa manta aos pés, colocando cuidadosamente o gelo na minha testa, seguido de um beijinho “descansa”, sem que eu sinta que é uma fragilidade do caraças, de vez em quando, admitir que se der mais um passo vomito de tanta agonia. É o ter alguém que olha por mim, que “decide” o que eu posso comer ou não, tomando conta da minha gastrite. É o dividirmos as nossas vidas entre esta casa aqui e a de lá. É o que estiver bem para ti está bem para mim, porque a cumplicidade é tanta que, honestamente, acho que  até incomoda os demais. É o conscencializar que, no espaço de dois dias, disse por duas vezes, a pessoas diferentes mas que aparentemente cobram o nosso estar “estamos muito concentrados um no outro, é verdade, somos a nossa prioridade e estamos muito empenhados em que nada nos aborreça, estamos muito na nossa e, desculpem lá, um bocadinho nas tintas para o resto à nossa volta”. Não é bem assim, não nos estamos nas tintas para o que nos rodeia, gostamos de estar e partilhar mas acima de tudo estamos a mostrar que isto que nos aconteceu, esta mudança de vida quer de um quer de outro, é uma coisa para proteger, foi uma tomada de consciência de que o amor pode ser muito bom, uma oportunidade para ambos que não queremos perder e que estamos com muita vontade de a viver, a dois, a três, com o Miúdo, e que não podia ser diferente, que temos tudo, mas tudo a ver um com o outro e que sabemos que quem nos olha percebe isso e que quem nos olha com mais atenção percebe que é forte o que nos liga.
Existem aqui muitos factores que promovem esta harmonia que temos vivido. Um deles, não falando novamente de cumplicidade, é a maturidade, que faz toda a diferença entre um amor vivido entre os vinte e os trinta, e o amor vivido mais perto dos quarenta. Outro, é a vontade de ambos em construir algo, eu, uma repetente sem medo de chumbar, ele um caloiro com coragem para experimentar e que, apesar de não ser ainda tema, está implicito em cada gesto, em cada deixar crescer. E talvez, se não o mais importante, o mesmo olhar sobre a vida, os mesmos princípos, os mesmos valores, as mesmas opiniões sobre a maior parte dos assuntos que já eram ou surgem. A mesma atitude a que chamamos de coerência. Não importa se certa ou errada à visão dos outros, é a nossa coerência que se torna, quando vivida a dois, uma coisa quase inabalável. Por isso digo todos os dias “gosto muito de ti” porque gosto todos os dias, e a tal dificuldade em exprimir tamanha sensação de felicidade é precisamente porque constato que gosto muito de ti, todos os dias, cada vez mais um bocadinho e mais um bocadinho, que me fazes querer-te dia a dia mais um bocadinho e mais, e que se for assim para o resto da vida, chegarei lá sabendo que a meio do caminho não precisarei de escrever uma única palavra, porque os meus olhos o provarão. Por isso fico deliciada ao ver o olhar doce do teu Avô quando segue a tua Avó, o sorriso dela de quem foi e é muito feliz, sabendo que é um amor assim que te, nos desejam.

a amizade é um bicho estranho…

… sobre o qual deixei de dissertar. Não tenho teorias formuladas, dou-me com mais comedimento, apenas. Aceito toda a gente, crio a minha própria imagem sobre cada um. Imagem essa que há muito deixou de ser resultado da primeira impressão. Gosto que gostem de mim também, claro, e digo “tenho um amigo, tenho uma amiga” porque a palavra conhecido é uma coisa que, ainda, me causa algum confrangimento. Ou talvez porque ainda acredite que, apesar de estranho, o bicho pode ser domesticável.

e a sessão de playstation…

… concretizou-se. Parece que foi coisa que durou até às cinco da matina, e eu nem dei por eles chegarem, nem por eles saírem, tanto que de manhã antes de me levantar perguntei “ficou alguém cá em casa?”. Ficou só o rasto, as garrafinhas de cerveja, o cinzeiro e a sensação boa de saber que o meu Vincent é feliz assim.

anda cá ao dono…

… e o raio do gato até já se põe a jeito para ele lhe puxar o rabo e deixá-lo só com as patas da frente no chão. E depois mia e volta a miar e a meio da noite já não sobe, de pantufinhas, do meu lado da cama. É tudo do dono e o dono chama-o e ele vai e eu chego e já não quer nada comigo, já não me cheira e só se chega quando sente a comidinha a cair na tijela, tarefa essa, que também já é do dono quando está por perto. E o que isto contribui para a minha felicidade, a sério que contribui.

 

 

é tudo uma questão de mentalização… ah pois, sim sim…

… ao fim de dois anos a ignorar a minha gastrite, a mula, que não tem outro nome, não só contente por ter arranjado a sua amiga hérnia, tem dado sinais de vida com frequência, a cabra, que não adormece, vai daí: 
Leitinho do bom como eu gosto, queijinhos e iogurtinhos, só três porções ao dia.
Frutinha da que eu gosto, ácida, mentira.
Águinha, muita águinha, mas longe das refeições.
Saladinhas em barda, o molhinho de azeite e muuuiittooo vinagre para molhar uma nesga de pão, mentira.
Sopa, panelas de sopa.
Café? Veneno.
Chocolate? Outro.
Carninha? Se não puder evitar, branca de preferência.
Fritinhos, rissolinhos, panadinhos, batatinhas? Já era.
Cigarrinhos, refrigerantes e copos? Fora de questão.

E isto é só uma pequena lista de coisas sobre as quais, parece, é tudo uma questão de mentalização, que já teve início no fim-de-semana. Hoje, água à refeição nem vê-la, álcool então, só para a mesa do lado mesmo, arroz no lugar das batatas fritas, salada, frutinha no lugar da mousse de chocolate, café nem cheirei, garrafa de água em cima da secretária. Também fumei menos e terminei o dia no ginásio que até me lixei.

Estou presa a uma coisa que sempre provocou em mim, nesta que pode (podia) comer este mundo e o outro sem engordar uma grama, um certo enjôo e que é a paranóia geral pela vidinha saudável. Não comas isso que faz tanto mal, não fumes, não bebas, faz exercício, deita-te cedo, não durmas tanto ao fim-de-semana, não apanhes tanto sol, não bebes água nenhuma, faz isto e aquilo e não devias fazer aquele outro e tanto disparate que tu fazes e olhem bardamerda para isto tudo e as gordas que me rodeiam se sonham uma coisa assim a acontecer na minha vida vão-se agarrar à banha a rir que é muita bem feita que é para eu saber o que custa uma pessoa babar-se para um peixinho frito com arroz de tomate e não poder comer ou um belo bife cheio danatas.