Ficará eternamente na história. Não que me interesse ou tenha até bagagem para dissertar sobre o assunto. Na verdade estou-me nas tintas para o buraco instalado no lugar das torres, as causas, os efeitos, lamento apenas os mortos, como lamento qualquer coisa que se assemelhe com acontecimentos terríveis desta natureza.
Todos nós, e eu não gosto particularmente de generalizar, temos onzes de Setembro nas nossas vidas, buracos que se instalam sem aviso prévio, acontecimentos provenientes de ataques de puro terrorismo silencioso a nós dirigidos, por culpa nossa, por perfeita ingenuidade ou apenas porque sabemos que algo já levantou voo, há muito tempo, com rota marcada em direcção ao nosso coração e não fomos capazes de comunicar com o putativo controlador e deixamos que em minutos, horas, a arquitectura que nos sustenta caia numa aparatosa implosão de onde sobra apenas uma densa nuvem de fumo, capaz de nos cegar e da qual, se capazes de sobreviver, poderemos seguir caminho, mais ou menos asfixiados. Mas ficarão eternamente para a história, para a nossa história, esses buracos resultantes de estruturas irremediavelmente abatidas.
Eu já tive acontecimentos menos bons, e ainda bem, momentos difíceis daqueles que por breves instantes achei não conseguir ultrapassar, medos, muitos medos mas os grandes onzes de Setembro da minha história são conversas, que por si só podem ser um acontecimento. Os meus onzes do mês nove foram e continuam a ser, conversas. As mais tranquilas, mais inesperadas, coisas que ainda nem por pequenos laivos de lucidez me tinham ocorrido, que por algum motivo surgem, por outro se encaixam, por qualquer força quase secreta fazem, quem comigo dialoga, aterrar para todo o sempre um boing, que eu não queria, no meu peito.
Com o tempo aprendi que posso usar uma máscara que filtra e protege e deixa respirar entre o pó escuro até que se dissipe. Com o tempo reconheci que esse resguardo tapa o meu sorriso para que não o decifrem mas deixa a descoberto a traidora expressão dos olhos, como se de um bypass cardíaco congénito se tratasse.
é bem verdade que estamos a viver tempos em que as estruturas, e as máscaras (ou a pertinência delas) estão todas a cair por terra…. ficamos sem nada nas mãos que não a alma (para quem a tem…) Belo registo. Cheio de verdade.
está tudo dito!
Mas depois da queda das torres houve uma verdadeira reconstrução, um reerguer… podes sempre ver a catástrofe como um ponto de partida…
No 11 de Setembro aquele(s) que apontaram como responsável e terrorista seria de facto? Ou será que não foi a suposta vítima que esteve na origem da coisa? 😉 Bjo
🙂 “por culpa nossa” está lá escrito. E “não fomos capazes de comunicar” também. Tudo assumidinho como deve ser!