… de trabalho de uma colega que vai de férias e de seguida se reforma, não volta, fica dona e senhora do seu tempo, finalmente dona e senhora do seu tempo. Foi isto que lhe disse hoje, enquanto cada uma de nós disfarçava mal as lagrimitas que não conseguíamos controlar. Trabalhei com a Anabela durante quase dezanove anos, oito dos quais directamente. Não foi fácil todos os dias, não foi sempre difícil mas, fazendo o balanço, hoje, a Anabela viu-me crescer, ensinou-me coisas, muitas coisas, viu-me casar, viu-me ser mãe, emocionava-se quando o Miúdo aparecia na empresa, percebeu o meu divórcio, ouvia deliciada as minhas histórias com pena de no tempo dela não as poder ter vivido. Ela sabe que vai em boa hora mas não consegue esconder a saudade que calcula irá sentir quando a rotina for outra.
«vou lá cima fazer a Anabela chorar»
De surpresa levei-lhe uma ramo de margaridas, compradas a correr à hora do almoço, dei-lhe um abraço nervoso enquanto recebia um abraço comovido e bebemos um último café.
Oxalá os Deuses a conservem, oxalá consiga fazer todas as viagens que preenchem os seus sonhos e torço, mas torço mesmo, para que, agora livre de tudo, se dê à ousadia de namorar.
Também vamos sentir saudades dela.
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