«Foda-se. Pediu-me para ficar com os miúdos para ir ao cinema com o outro gajo. A meio da semana?! Assim?! Achas normal?!»
«Acho, por acaso acho. Claro que acho»
«Não precisava de dizer que ia com ele»
Pois não, não precisava.
Ao menos tu sempre te escusaste dizer-lhe porque tantas vezes chegaste a casa já com os teus filhos sentados à mesa, a desapertar a gravata, naquele gesto do homem esfolado pelas reuniões, pelas responsabilidades, honrado.
Teatro, era isso não era?
Ao menos tu nunca precisaste de lhe dizer que antes de meteres a chave à porta, costumavas sair na companhia daquela respeitável (sonsa; será antes, puta? nã, sou eu que sou preconceituosa) colega, e que a comias, antes do jantar, como o outro come agora a tua mulher à hora que lhe apetece.
A chave daquela casa já não é tua, já não vives lá, e a venerável colega rapidamente vai perder a fome por ti, é que tu, meu querido colega amigo, divorciado, não tens gracinha nenhuma.
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